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100 maratonas na Maratona do Rio de Janeiro

Nossa guia de turismo Denise Amaral está prestes a completar 100 maratonas. Todos que viajam pela Kamel já tiveram a oportunidade de conhecê-la pessoalmente e saber pelo menos um pouquinho da sua fascinante história de corrida. No próximo domingo, dia 27, ela completa no Rio de Janeiro sua 100ª maratona. Deixamos aqui nossa homenagem especial a nossa grande guia e maratonista, que sempre nos honra com suas dicas maravilhosas sobre as provas pelo mundo afora.
A matéria abaixo foi publicada no guia oficial da Maratona do Rio de Janeiro, entregue a todos inscritos na prova junto com o kit. Confira!

por Denise Amaral

Prestes a completar a 100 maratonas na Maratona do Rio, em 27 de julho, tenho que confessar que me orgulho muito de toda esta trajetória.

Corro ininterruptamente há 32 anos. Ouvi muitas gracinhas, tais como “vai procurar um tanque de roupas para lavar” enquanto dividia as ruas com os carros pela orla do Rio. Na época nem havia ciclovia.

A corrida me trouxe coisas maravilhosas. Comecei a correr aos 19 anos por incentivo da minha mãe, Arlette Amaral, que passou a ser a minha melhor amiga e companheira de viagens, exatamente na época em que era um “mico” sair com a mãe. Das minhas 99 maratonas completadas, corremos juntas 38 maratonas e perdi mais de 20 vezes para ela!

A corrida me apresentou o grande amor da minha vida, meu marido Luiz Antonio, companheiro de treinos e cúmplice nas maluquices mundo a fora.
Trouxe inúmeros amigos. Com tantas provas e viagens, sempre tinha uma estória interessante, inusitada e engraçada para contar. Não raro ouvia os amigos dizendo: “Conta aquela…”

Conquistei oportunidades profissionais. Sempre era lembrada como “aquela que corre”, visto como uma qualidade de quem tem determinação e foco.

Recebi até um telefonema inusitado em 2005: era Bet Olival, Diretora da Kamel Turismo, principal agência de viagens para grupos de corrida, que diretamente perguntou: Você quer ir à Maratona de Nova York este ano? Após diversos crediários com a Kamel, ela me convidou para acompanhar o grupo e escrever sobre a prova. Inteligentemente, ela não queria um guia que falasse sobre a Estátua de Liberdade, mas que passasse as suas experiências e emoções para os corredores.
Achei isto muito engraçado, mas como recusar um convite para correr a tão desejada Maratona de Nova York? Escrevi várias dicas sobre a prova e sem qualquer noção sobre o que fazer como guia, lá fui eu para mais esta oportunidade que a corrida me proporcionou.

Fui para o aeroporto recepcionar o grupo e minhas pernas tremiam. A voz mal pronunciava um tímido bem-vindo ao gigantesco grupo de corredores e familiares. De repente, ouvia pessoas perguntando: “Quem é a Denise Amaral que já correu tantas maratonas e escreveu as dicas sobre a prova?” Ai, meu Deus, “sou eu”, pensei!

Aos poucos, me vi cercada de corredores que agradeciam e até queriam tirar fotos comigo. Tudo muito inusitado, mas ao mesmo tempo encantador. No ônibus, a Diretora da Kamel me apresentou e passou o microfone para mim. Como assim? Falar o que durante o longo e engarrafado trajeto do aeroporto ao hotel?

Hoje, com 25 viagens para acompanhar diversas provas, tenho até meu microfone! Orgulho-me em ter “ajudado” mais de 3.500 corredores, muitos que se tornaram grandes amigos.

Ao longo destes anos, também vivenciei muitas mudanças. As primeiras maratonas que participei no Rio, de 1983 a 1985, não davam medalhas, mas sim uma camiseta com a frase EU COMPLETEI A MARATONA. A maratona de Nova York, em 1986, tinha em seu kit short, camiseta de algodão e boné tipo de ciclista. E, também nesta época, era difícil conseguir inscrição para a prova.

Acompanhei muitas evoluções. Quem é das antigas lembra-se do tênis Power, do relógio Casio e da Coca-Cola com água. O que valia era a foto com o relógio da prova, pois ainda não existiam os chips, que no início tinham que ser devolvidos e amarrados ao tênis, até os descartáveis e presos no verso do número da prova.
Tentava-se de tudo para aplacar a fome e a falta de energia ao longo da maratona. Da rapadura e sachê de mel até os carboidratos em gel, muito mudou.
As provas tornaram-se megaeventos com transmissões ao vivo pela TV e, hoje, já não preciso explicar tanto quantos quilômetros tem uma maratona!

Estive em prova cancelada pelo o calor, como em Chicago 2007; ou pelo furacão Sandy em Nova York 2012. Corri em temperaturas inesperadamente congelantes, como na Disney 2010, e até fantasiada, na maratona do Jubileu de Estocolmo, na Suécia! Corri as primeiras maratonas do Brasil, no Rio de Janeiro: maratona Jornal do Brasil – Atlântica Boavista, maratona da Printer, maratona da Cidade e a então famosa maratona de Blumenau, que em 1987 já oferecia jantar de massas e Corrida da Amizade na véspera da prova.

Teve ano que participei de apenas uma e outros em que corri 8 maratonas. Sempre fui “Maria vai com as outras”. Bastava amigos dizerem que iam que lá estava eu também…

Exibi-me muito em ser uma das poucas que corria maratona! Agora somos centenas de milhares! Já gastei muito dinheiro com roupas de corrida, os últimos lançamentos de tênis, toda a parafernália tecnológica oferecida ao longo destes anos, fotos, viagens,… Gastei, não! Investi! Conheci o mundo e fiz amigos!

Minha vida é uma correria, literalmente: trabalho numa seguradora, tenho uma loja e uma confecção de roupa infantil, uma loja virtual, elaboro questões para provas da Escola de Seguros, acompanho os grupos de corredores e escrevo as dicas para os pacotes da Kamel Turismo quando consigo uma brecha para viajar. Aos domingos passo horas no computador fazendo um curso online sobre medicina de seguros. Ainda tenho que encontrar tempo para pintar as unhas, principalmente para esconder aquelas machucadas pelas corridas, ir ao supermercado, cuidar do marido e não descuidar dos amigos! Ah, e treinar para as maratonas!

Já corri mais rápido (meu melhor tempo foi 3h29) e hoje sigo lentinha completando a prova próximo das 5 horas, principalmente pelo pouco tempo para treinar e dormir! Alguns perguntam se meu objetivo é “apenas” completar a 100ª maratona. Respondo que desejo continuar cultivando estórias para contar.

Escolhi a maratona do Rio para ser o local desta comemoração por ser esta, por experiência, a mais linda de todas. Correr ao longo da orla e ao lado das montanhas é um prazer para os olhos e para a mente. Que venha a 100ª maratona!

Participações:

NACIONAIS: 24 Rio de Janeiro, 6 Blumenau, 5 São Paulo, 5 Porto Alegre, 1 Brasília, 1 Curitiba, 1 Belo Horizonte, 1 Santos

INTERNACIONAIS: 21 Nova York, 8 Disney, 3 Berlin, 3 Chicago, 3 Paris, 2 Estocolmo, 1 Boston, 1 Londres, 1 Tóquio, 1 Honolulu, 1 Cape Town, 1 Amsterdam, 1 Sevilha, 1 Filadélfia, 1 Veneza, 1 Rock’n Roll San Diego, 1 Frankfurt, 1 Barcelona, 1 Punta del Leste, 1 Santiago, 1 Miami

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