No dia do nascimento da lenda Abebe Bikila, uma homenagem aos maratonistas
Maratonista também tem um dia em sua homenagem. E é hoje, dia 7 de agosto. A data foi escolhida por comemorar o nascimento do etíope Abebe Bikila, em 1932, considerado o maior maratonista de todos os tempos, por ter sido o primeiro atleta africano a ganhar uma medalha de ouro olímpica e o primeiro bicampeão dos 42km em Jogos Olímpicos (Roma-1960, com 2h15m16s, e Tóquio-1964, com 2h12m11s). Parabéns a todos os maratonistas.
Quem foi a lenda Abebe Bikila
Filho de pastores, Bikila morreu em 23 de outubro de 1973, com 41 anos, de hemorragia cerebral, decorrente de um acidente automobilístico quatro anos antes, que o deixou paralítico. Em 2012, foi imortalizado no Hall da Fama do atletismo, criado naquele ano como parte das celebrações pelo centenário da Federação Internacional de Atletismo.
A entrada de Bikila na história do esporte aconteceu por acaso. Em 1960, ele foi convocado pouco antes do embarque da equipe de atletismo da Etiópia para as Olimpíadas de Roma no lugar do lendário Wami Biratu – primeiro etíope a participar dos Jogos Olímpicos, em Helsinque-1956 -, que quebrou o tornozelo durante uma partida de futebol.
Em Roma, Bikila resolveu, como fazia em seus treinos, correr descalço, pois nenhum dos modelos fornecidos pela empresa esportiva oficial dos Jogos agradou ao etíope. Seu principal adversário era o marroquino Rhadi Ben Abdessela, que usaria o número 26. A prova contou com 69 maratonistas e, pela primeira vez, foi disputada à noite, com guardas italianos segurando tochas ao longo do percurso. Ao fazer o reconhecimento do trajeto, ele observou o obelisco de Axum, construído no século IV e retirado da Etiópia por tropas italianas em 1935. O obelisco estava a 1,5km da linha de chegada, no Coliseu, ponto em que o ele faria seu sprint final.
Durante a corrida, Bikila passou por diversos adversários, sempre procurando pelo tal número 26. Após os 21km, o etíope e o número 185 lideravam a prova, com bastante folga. Bikila continuava forçando o ritmo, buscando o marroquino, que ele supunha estar mais à frente. Nos quilômetros finais, Bikila acelerou e cruzou a linha de chegada, sob o Arco de Constantino, com o tempo de 2h15m16s, novo recorde mundial. O tal marroquino era o número 185, que chegou 25s atrás dele.
Perguntado porque havia corrido descalço, Bikila respondeu que “queria que o mundo soubesse que a Etiópia, sempre tinha conseguido suas vitórias com heroísmo e determinação”. Ele voltou à Etiópia como herói nacional e foi promovido a cabo e condecorado pelo imperador Haile Selassie. A frase mais falada na época era que ‘foram necessários um milhão de soldados italianos para invadir a Etiópia (entre 1935 e 1936), mas apenas um soldado etíope para conquistar Roma’.
Em 1963, Bikila ficou em quinto na Maratona de Boston, a única que não venceu. Quarenta dias antes dos Jogos de Tóquio, Bikila foi diagnosticado com apendicite aguda. Seis semanas após a cirurgia, ele foi para as Olimpíadas sem saber se competiria na maratona. Desta vez calçado, por exigência dos organizadores, ele cruzou a linha de chegada sob aplausos de 70 mil pessoas, com quatro minutos de vantagem para o segundo colocado, Basil Heatley, da Grã-Bretanha, com novo recorde mundial, com 2h12m12s.
Nas Olimpíadas do México, em 1968, Bikila abandonou a maratona no Km 17. A vitória foi do compatriota Mamo Wolde, que disse que o amigo venceria a prova pela terceira vez se não fosse a lesão.