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Patagônia: diário de uma viagem inesquecível

A jornalista e fotógrafa Fernanda Paradizo conta aqui sua experiência na cobertura da incrível Maratona da Patagônia, que aconteceu no dia 26 de setembro 2015.
A Patagônia sempre foi um lugar que sonhei um dia em conhecer. A convite do Hotel las Torres 4*, viajei para Torres del Paine com a certeza de que viveria uma experiência incrível. Difícil contar em palavras o que vi lá. A Maratona Internacional da Patagônia é uma prova que todos que adoram correr em contato com a natureza e em locais com paisagens magníficas deveriam colocar na sua programação de corridas. O lugar é fantástico e mágico e oferece cenários lindíssimos em meio a montanhas, geleiras, fiordes, ilhas e florestas virgens. E o melhor é que o evento oferece distâncias para todos os níveis e performances e gostos: 60k, 42k, 21k e 10k.

Quarta, 23/09 – Um dia inteiro de viagem

A prova aconteceu no dia 26 de setembro, num sábado. Minha viagem rumo à Patagônia chilena começou às 6h55 da manhã do dia 23, uma quarta-feira. É verdade que o Chile não fica tão distante das principais cidades do Brasil, mas a viagem até o Parque Nacional Torres del Paine, declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1978 e localizado no extremo-sul do país, na região de Magalhães e Antártica chilena, é bem longa, mas vale muito à pena.

Há duas opções para chegar ao local. Uma delas é um pouco mais longa, por Santiago, com parada em Punta Arenas. No meu caso, fui pela segunda opção, que é voar para Buenos Aires, Argentina, e de lá pegar um voo para a simpática El Calafate, local que com certeza ficaria pelo menos mais uns dois dias para poder também desfrutar um pouco das belezas da Patagônia argentina. Tanto o trecho de Punta Arenas (7h de carro) quanto o de El Calefate (5h) até Torres del Paine devem ser feitos por estrada. Por ser uma viagem longa e cansativa (cheguei em El Calafate às 15h30) passar um noite em El Calefate foi uma boa pedida para reestabelecer as energias e poder viajar no dia seguinte mais descansada para Torres del Paine.

Quinta, 24/09 – Rumo a Torres del Paine

Às 7h da manhã em ponto lá estava o motorista do hotel las Torres na porta do meu hotel em El Calafate para me levar a meu destino final. A viagem durou cerca de 5h, quebrada com uma parada de cerca de 20 minutos para esticar as pernas e um lanche rápido na estrada e ainda outras duas nas alfândegas argentina e chilena, que ficam a cerca de 1 km de distância uma da outra. Na fronteira chilena, é possível fazer o câmbio para o peso chileno e comprar algumas lembranças dessa parte inóspita da Patagônia.

O trajeto é realmente lindo. Apreciar as montanhas do seu destino final se aproximando, com as três Torres, formações rochosas que deram nome ao parque, cada vez mais imponentes, é algo incrível. O trecho da alfândeda chilena até o hotel é de cerca de 1 hora. Algumas paradas para fotos já dão aquela sensação que a viagem vai oferecer muito mais do você imagina. Na paisagem chama atenção a presença dos guanacos e os condores pelo caminho.

Cheguei ao hotel Las Torres por volta das 13h30. O hotel, que fica ao pé de uma grande montanha, é fantástico. Como a estadia ali era curta, apenas 3 dias, não havia tempo a perder. Mesmo cansada da viagem, consultei a recepção para ver se havia a possibilidade de fazer na parte da tarde algum Tour, já incluso na estadia. E sim! Às 15h sairia um tour de vã para ver as lagunas. Fiz um almoço rápido, peguei meu equipamento fotográfico e lá fui eu para meu primeiro passeio oficial pela região com duração de 3 horas. Mais uma vez me surpreendi com as belezas naturais vistas pelo caminho. Paramos na linda Lagoa Azul para uma caminhada rápida e fotos e, depois, seguimos para a Cascata Las Torres. No nosso trajeto, ouvimos atentamente as histórias contadas pela guia Sarah, que nasceu na Pensilvânia, nos EUA, mas adotou o Chile para viver. Ela mora há 4 anos em Santiago e faz sua primeira temporada como guia do hotel, que começou em setembro e vai até abril de 2016.

Sexta, 25/09 – um dia inteiro de tour

O segundo dia em Torres del Paine começou cedo. Na programação, um tour de um dia inteiro (Full Paine), que vale muito à pena, pelas principais belezas do local, com direito à navegação pelo Lago Grey, para ver os glaciares. Saímos bem cedo, às 7h, já direto em direção ao lago. É nesse local que no dia seguinte aconteceria a largada dos 60k. Caminhamos cerca de 25 minutos pela praia até chegar à embarcação que nos levaria a um passeio de cerca de pouco mais de 2 horas. Foi fantástico navegar pelo Lago Grey e ver aos poucos aquela imensa montanha de gelo congelada que ocupa a área há alguns séculos crescendo cada vez mais aos nossos olhos. Os glaciares, em tons azulados, são um espetáculo à parte. Parada para fotos em vários ângulos, um cafezinho bem quentinho servido em boa hora, já que o frio apertava, e o retono à terra-firme. Depois, seguimos nosso passeio do dia para outros pontos fantásticos do parque, que nos proporcionaram lindas imagens, como uma parada para avistar a montanha Los Cuernos, também um dos cartões-postais do parque, e outra no Salto Paine, uma queda d’água que escorre do lago Nordenskjöld. No meio da tarde, uma parada para um lanche feito ao melhor estilo “pique-nique”, com direito a saunduíche, queijo, castanhas, frutas, refrigerante e suco. Novamente na estrada, fizemos uma última parada para apreciar o lindo Lago Pehoé, que tem uma ilha no meio e é considerado um dos lagos mais lindos da América do Sul. Uma bela imagem para terminar o dia.

26/09, Sábado – Dia de prova

O sábado foi reservado para a prova. Cada uma das distâncias larga em pontos e horários diferenciados (às 8h largam os 60k, às 10h a maratona e às 11h a meia e os 10k) e todas chegam no mesmo local (na portaria da Laguna Amarga), que fica a 8k de distância do hotel Las Torres. Optei por começar cedo o trabalho e seguir junto com o carro da organização os 60k, que também levava uma dupla de fotógrafos argentinos e mais dois fotógrafos oficias. Às 6h da manhã, uma vã levou os corredores da ultra para a largada, no lago Grey. Um trajeto de pouco mais de 1h. Um grupo animado de corredores foi chegando aos poucos à portaria do Lago Grey, onde se concentrava toda a estrutura de largada. Lá descobri que haviam 13 brasileiros nos 60k e cerca de 100 inscritos nas quatro distâncias, dos 700 total. No local, havia toda a estrutura para receber os corredores, como banheiro, água, isotônico, frutas e ainda um carro de guarda-volumes para levar as bagagens para a chegada. Um detalhe em relação à hidratação: com o objetivo de preservar o parque, não há copos nos postos de água e isotônico. Cada corredor deve carregar sua própria garrafa ou copo e se servir nos pontos específicos do percurso.

Faltando cerca de meia hora para a largada seguimos por 2 km nosso caminho até a praia, no mesmo ponto que saímos de barco no dia anterior. Como o local é bem próximo dos glaciares, a sensação de frio aumenta ali, mas nada que seja inssuportável nessa época do ano. Deu a largada e seguimos o nosso caminho para fotografar. São tantos cenários que você se vê até perdido no meio daquelas montanhas pintadas de branco. Muitas paradas, visuais incríveis e, depois de intentificar e fazer imagens do líder da prova, o brasileiro Francisco Ottoni, de Minas Gerais, seguimos para a largada dos 42k. Acompanhamos um pouco a maratona, identificamos os líderes e fomos em busca da largada dos 21k. Imagens cada vez mais incríveis.

Chegamos à linha de chegada a ponto de ver as chegadas de todos os campeões. O Brasil garantiu o mais alto lugar no pódio nos 60k, com a vitória de Francisco Ottoni, que finalizou a prova em 5h07. No feminino, Andrea Vidal garantiu a 2ª colocação também na prova dos 60k, com o tempo de 7h19, e a paulista Karine Parussolo foi a 3ª colocada, com 7h37. A campeã foi a norte-americana Emily Ford, com 6h53.

O Brasil também brilhou no pódio da maratona com a vitória da paulista Enia Colella, que venceu com o tempo de 4h14. A catarinense Heloisa Carvalho faturou a 2ª colocação, com 4h16.

Domingo, 27/09 – Voltando para casa

Mais uma noite no hotel e na manhã do dia seguinte já estava na hora de partir. Às 9h da manhã, comecei meu caminho de volta para casa percorrendo o mesmo trajeto de vinda. Ou seja, por El Calafate e Buenos Aires. Na bagagem, além de uma coleção de fotos incríveis do local, a sensação e a certeza de que esse definitivamente é um local que gostaria de voltar, seja para correr ou só para fotografar. Se a agenda permitir, quem sabe em abril do ano que vem, quando acontece a Ultra Fiord, nas distâncias de 100 milhas, 100k, 70k, 50k e 30k.

Para conferir os resultados da prova, clique aqui.

Para ver mais fotos do evento, clique aqui.

Texto e foto: Fernanda Paradizo

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